Artigos Ansiedade: da normalidade ao adoecimento

Ansiedade: da normalidade ao adoecimento

Todos os dias ao vasculhar a internet em busca de artigos para meus clientes e seguidores me deparo com um infindável número de textos sobre ansiedade, e em sua maioria abordando unicamente seus aspectos negativos e deixando de lado sua normalidade na vida cotidiana. Por isso aqui eu abordo esses dois lados desse fenômeno.

Ansiedade é uma emoção, normal e essencial. Ninguém passa pela vida sem experimentá-la, seja antes de uma viagem, de conhecer alguém ou iniciar um novo trabalho. Ela é absolutamente normal e complexa, com diversas formas de manifestação. Seu propósito é de nos alertar para uma “ameaça” em potencial e de nos preparar para reagir adequadamente. Ela é, também, o foco de grande parte do trabalho clínico, onde se pode desmistificar quais sãos os níveis aceitáveis ou diagnosticar e tratar os casos mais graves.

O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM 5) define ansiedade como “a antecipação apreensiva de um futuro perigoso, acompanhado de sensação de disforia ou sintomas somáticos de tensão. Outra definição se refere a um estado de ânimo voltado para um futuro em que se está pronto ou preparado para lidar com acontecimentos negativos.

Também não existe uma única explicação para a sua origem. Alguns psicólogos postulam que ela é uma reação causada por descargas de energia inconsciente, outros que ela é uma resposta aprendida, causada pela forma de como interpretamos e avaliamos algum acontecimento, ou é causada pela ativação de funções neurofisiológicas. Nenhuma dessas perspectivas tem prioridade sobre a outra e todas estão inter-relacionadas.

A ansiedade torna-se um problema quando passa a causar prejuízos significativos e sofrimento, quando seus sintomas são excessivos, desproporcionais ou se repetem ao longo do tempo. Seus sintomas são: alterações na respiração, pressão sanguínea, nos batimentos cardíacos, sistema digestivo; fraqueza, tontura, sensação de desmaio, tremores, falta de concentração, preocupações constantes e em alguns casos medo de perder o controle ou de morte iminente. Quando esses sinais ocorrem repetidamente podemos ter o que chamamos de transtornos de ansiedade. Esses transtornos se dividem em: fobias, fobia social, ataques de pânico, síndrome do pânico, transtorno de ansiedade generalizada, transtorno obsessivo-compulsivo e transtorno do estresse pós-traumático.

O diagnóstico é realizado por psicólogos ou psiquiatras, os quais irão prescrever o tratamento. Na prática clínica observo que a melhora dos pacientes mais graves ocorre quando se combina a psicoterapia com o tratamento farmacológico adequado, haja vista que a medicação atenua e controla os sintomas, possibilitando um maior aproveitamento das consultas psicológicas. O estilo de vida também é um fator a se considerar para a melhora do paciente.

É importante ressaltar que como a ansiedade é um fenômeno normal em nosso cotidiano, ela nem sempre será um “bicho de sete cabeças”. Podemos e devemos conviver com ela, identificar os fatores que a desencadeiam, e procurar auxílio profissional quando perceber que ela está fora do controle e atrapalhando o cotidiano.