Artigos Mindfulness — Meditar para aliviar a ansiedade

Mindfulness — Meditar para aliviar a ansiedade

Tomo emprestadas as palavras de Robert Leahy para oferecer um pouco de “paz” para quem sente-se sufocado pela ansiedade.

Mindfulness: termo que, em inglês, significa “atenção plena”, “conscientização”.

Mindfulness é simplesmente uma maneira de experimentar o mundo (incluindo o seu mundo interno) pela qual você fica inteiramente ciente no momento presente do que está acontecendo. Estar plenamente ciente significa não estar pensando, julgando ou tentando controlar o que está acontecendo. Por exemplo, quando estou ciente de minha respiração, simplesmente a percebo aumentar e diminuir. Centralizo minha atenção nela sem tentar controlá-la ou sem tentar julgar se o que estou fazendo está correto. Estou simplesmente no momento, notando-a e vivendo-a.

Essa prática está no âmago de muitas formas de meditação oriental, especialmente da budista. Porém, não precisamos ser um budista, ou sequer saber os fundamentos do budismo, para realizarmos. A prática do mindfulness nos oferece uma clareza que existe apenas quando nosso pensamento fica suspenso. Melhor de tudo, é uma técnica que está acessível a todos.

Para provar isso a si próprio, você pode tentar respirar com atenção nos próximos cinco minutos.

Comece colocando-se em uma posição confortável. Não é preciso ser com as pernas cruzadas – você pode sentar-se em uma cadeira ou se ajoelhar em uma almofada. É bom manter a coluna em posição ereta.

Feche os olhos. Comece por colocar sua atenção em sua respiração. Perceba como o ar entra e sai, como a respiração sobe e desce. Ela faz isso por conta própria, você não precisa fazer nada para que a respiração ocorra. Continue a observar a respiração, momento a momento, conforme ela flui. O que você observará a seguir (provavelmente em poucos segundos) será a mente fugindo da respiração e passando ao mundo do pensamento. Talvez você fique distraído por alguma preocupação, por algumas apreensão, por algum sentimento de que você deveria estar fazendo alguma coisa em vez de só ficar sentado aí. Ou, ao ouvir certos sons, você pode começar percebendo qual é a origem deles ou pode começar a pensar no jantar, ou como as coisas estão indo no trabalho. Não importa o conteúdo do pensamento, a chave é esta: tão logo você se torne ciente de que a atenção se desviou, traga-a, suave, mas firmemente, de volta à sua respiração, de volta ao momento. Faça isso sem comentário ou julgamento, simplesmente traga-a de volta. Tantas vezes quanto a mente fugir, simplesmente perceba o fato e traga a sua atenção de volta à respiração. Faça isso quando estiver disposto.

Conforme você praticar a atenção plena (mindfulness), provavelmente ficará apto e motivado a ampliá-la a períodos mais longos.

Se você é uma pessoa que sofre de ansiedade, praticar a atenção plena pode ajudar a enfrentar as causas primeiras de sua preocupação – seu medo, sua tensão, sua crença equivocada de que está em perigo sempre. Ela o ajudará a ficar no presente, momento em que a ansiedade não existe (a ansiedade se constrói a partir do passado e do futuro). Ela acalmará sua mente e relaxará seu corpo.

Inicialmente nada disso parece ter muito a ver com as principais “questões” de sua vida. Mas tem. Isso ocorre porque a prática da atenção plena está conectada de maneira muito profunda a nossos pensamentos- ou melhor, com a relação que temos com nossos pensamentos. Estar no momento presente significa estar afinado ao que está acontecendo: nossa respiração, o som do tique-taque do relógio, uma dor nas costas… Mas o que está acontecendo também inclui nossos pensamentos.

Podemos considerar os pensamentos como somente um pensamento – um evento mental, sem conexão necessária ao que acontece no mundo. Em vez de sermos apanhados pelo conteúdo de nossos pensamentos, podemos simplesmente nota-los no momento – do mesmo modo que fizemos com nossa respiração. É possível, em poucas palavras, estarmos cientes de nossos próprios pensamentos, isto é, termos atenção plena em relação a eles. Isso muda totalmente nossa relação com eles. Quando consideramos nossos pensamentos como parte do fluxo de consciência, quando eles são apenas fenômenos que simplesmente passam pela mente, em vez de descrições supostamente corretas da realidade, seu poder sobre nós repentinamente parecerá muito menor.

Em vez de reagir com frases do tipo: “ah, isso é péssimo” ou “preciso fazer algo imediatamente”, poderíamos dizer: “ah, aí está aquele pensamento de novo”. Observando nossos pensamentos irem e virem, percebemos o quanto eles são passageiros, o quanto estão pouco conectados a qualquer coisa de importante. Não precisamos mais “obedecer” a eles.

Se você sofre de ansiedade, isso pode ser muito útil. Uma maneira de aplica-lo é perceber, quando fizer o exercício de atenção plena anteriormente descrito, todos os pensamentos que vêm à sua mente. Provavelmente uma boa quantidade deles ficará sob a categoria de ansiedades ou preocupações, variando do trivial ao sério. Tente estudar esses pensamentos de ansiedade como você estudaria as folhas de uma planta, as ondas do mar, ou as chamas de uma fogueira. Desligue-se do seu conteúdo e simplesmente veja o quanto eles são interessantes. Mantenha-se sempre no presente com eles. Se o fizer, perceberá quase com certeza uma mudança na urgência com que eles se lhes apresentam. Sua mente começará a se acalmar, sua respiração ficará mais profunda, e uma sensação de tranquilidade começará a surgir na consciência.

Se fizer isso uma ou duas vezes por dia durante um período de dias ou semanas, provavelmente notará duas coisas. Uma delas é que a frequência de seus pensamentos de ansiedade começará a diminuir por conta própria. A outra é que você se sentirá menos agitado quando tais pensamentos surgirem. O objetivo não é tentar extinguir seus pensamentos de ansiedade – o que teria o efeito oposto de fortalecê-los – mas simplesmente tentar ficar ciente deles. Conforme você se acostumar a observar suas ansiedades irem e virem, sua mente ficará acostumada com elas e se tornará menos um inimigo terrível e mais uma companhia familiar. Você começará a entender o que significa experimentar a ansiedade e não ser tomado por ela, não se identificar com ela, não acreditar no que ela está lhe dizendo.