Artigos Problemas de relacionamento: o outro é o problema(?)

Discussões iniciam com ações ou ausência de comportamentos de nossos parceiros que nos causam dor. Críticas, exigências injustas, aborrecimentos acumulados e rejeição são os tipos de comportamento e resposta que podem desencadear conflitos. Se estes eventos raramente acontecem, nós podemos ignorá-los. Quando eles acontecem repetidamente, nós tentamos compreender porque eles acontecem. Quase sempre iniciamos nossa busca colocando o foco na outra pessoa. O que há em nossos parceiros que leva a estas ações dolorosas? Nas nossas mentes, podemos conduzir um tipo de investigação judicial em suas transgressões e concluir que nossos parceiros têm certas deficiências morais e de caráter: eles são egoístas, injustos ou desatenciosos. Se nós temos mais um entendimento psicológico, poderemos conduzir uma avaliação diagnóstica ao invés de uma investigação judicial, concluindo que aqueles que amamos têm problemas emocionais, tais como imaturidade, insegurança neurótica ou depressão clínica. Ou, em vez disso, podemos avaliar a inadequação de nossos parceiros, determinando a falta de treinamento como pai, a falta de habilidade em comunicação, ou a inadequação em expressar amor, como a raiz de seu comportamento nocivo.
Enquanto estamos engajados nesta análise de nossos parceiros, também podemos refletir sobre a nossa própria contribuição com estes problemas. Podemos nos sentir como vítimas, mas nos perguntar se somos possivelmente co-conspiradores. No mínimo, nós selecionamos um parceiro com estas imperfeições. Será que também permitimos estas falhas, ou mesmo as alimentamos? Poderíamos também nos culpar por estas inadequações? Embora estas possibilidades podem, persistentemente, incomodar, é comum devolvermos o foco para a culpa de nossos parceiros, mais do que para a nossa própria.
Quando concluímos nossas análises, naturalmente queremos dividi-las porque acreditamos que, informar nossos parceiros de suas falhas , é a melhor maneira de fazê-los trabalhar na sua mudança. Mas, mesmo quando acreditamos que estamos agindo a partir de uma honestidade sincera e apresentamos nossas conclusões com cuidado, nossos parceiros raramente são receptivos. Sentindo-se acusados, eles provavelmente se defenderão, e o que é ainda mais perturbador, eles devolverão suas próprias conclusões sobre nós. São os nossos erros, não os deles, que causam os problemas. Na batalha de explicações que se segue o que somente é admitido é aquilo que serve para intensificar as acusações. As discussões sobre os eventos concretos que, inicialmente, originaram a dor, perdem-se. Se a batalha de explicações é, particularmente, acalorada, um ou ambos os parceiros, poderão dizer coisas que são mais dolorosas do que as ações originais que levaram â discussão em primeiro lugar. Mesmo que exista alguma verdade em nossas acusações, embora exageradas, aquela verdade frequentemente se perde no ruído da batalha. Os conflitos ficam num impasse, se é que não ficam aumentados, e ambos fincamos o pé e nos recusamos a admitir qualquer necessidade de mudança própria. Portanto, ações feitas numa tentativa de estimular mudança, acabam por impedi-la.